Meus passos eram distraídos, a cabeça cheia de atarefações, sentia a garganta explodir em meio a tanta gente que passava por mim, gente que não me conhecia e que eu jamais vira, estranhos sempre nos rodeiam em algum momento e naquele eu me sentia sozinha, até o sol havia me deixado e a lua perseguia meu andar, guiava meus pensamentos, olhei o relógio e sabia que já estava andando a muito mais do que queria, mas precisava continuar. Virei a esquina olhando com desconfiança para o outro lado da rua completamente vazia, apertava minhas mãos em punhos com os braços cruzados sobre o peito, quando olhei a frente, parei de súbito, te enxerguei a dez passos de mim, você com um meio sorriso me encarava, atônita fiquei imóvel, atravessei a rua em passos rápidos sinalizando com a mão para o taxi que passava, ele parou pra mim, sem pensar duas vezes entrei e dei meu endereço, quando olhei pelo vidro você tinha sumido, ido embora, e como era possível ter voltado? Como e de tal maneira tão perto? Logo que cheguei em casa larguei as chaves no sofá passei pela estante e resolvi voltar a ela, pegando em mãos o nosso retrato, aquele, de quando você ainda estava comigo, ainda estava aqui, ainda estava vivo fisicamente. Como podia? Minha mente havia se conturbado? Talvez a loucura seja fim de quem ama. Você não havia desaparecido e nunca iria, podia sentir isso, com a mais absoluta certeza, assim como sentia sua falta e não sabia se ver você esporadicamente sem te tocar era bom ou ruim, por mais absurdo que parecesse, talvez eu amasse essa loucura, amasse te ver mais uma vez..
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